Um dos termos da moda em planejamento urbano é “cenário”. Muito se fala hoje em dia sobre os cenários, mas percebo que essa espécie de “coringa” acaba sendo usada indiscriminadamente, referindo-se a conceitos que, na verdade, não podem ser considerados cenários.
Mas o que são cenários, afinal de contas? Marcelo Lopes de Souza (2003) argumenta que criar cenários não é prever o futuro, mas apenas
simular desdobramentos, sem a preocupação de quantificar probabilidades e sem se restringir a identificar um único desdobramento esperado, tido como a tendência mais plausível. (SOUZA, 2003, p. 48)
Portanto, temos aí a primeira constatação importante: cenários são diferentes de propostas. São, na verdade, possíveis desdobramentos de propostas, ou seja, o que poderia acontecer caso uma determinada proposta seja adotada. Nesse caso, o termo “proposta” é o mais abrangente possível. Em planejamento urbano algumas possibilidades seriam um determinado conjunto de índices urbanísticos, a abertura de uma via, a implementação do IPTU progressivo em uma área, e assim por diante.
Assim, os cenários tratariam de conjecturar sobre as possíveis consequências de cada uma delas. O cenário abaixo, por exemplo, foi construído por mim para tentar imaginar como poderia ser a ocupação máxima de uma proposta (feita por outro arquiteto) de um conjunto de índices urbanísticos para Nova Trento – SC.
Cenário para proposta de índices urbanísticos de Nova Trento – SC.
Para que o cenário seja construído, é essencial que seja definida uma forma de descrever o sistema urbano, utilizada para simular os desdobramentos de uma proposta. O exemplo acima descreveu o sistema através da sua volumetria, mas outros tipos de aspectos podem ser utilizados.
O plano da região de Portland, em Oregon, nos Estados Unidos, por exemplo, utilizou os aspectos de consumo de terra, qualidade do ar, congestionamento, milhas percorridas pelos veículos, quantidade de deslocamentos e quantidade de tempo gasto nos deslocamentos para simular as consequências de quatro propostas de crescimento da mancha urbana.
Propostas para o crescimento urbano. (Fonte: The Nature of 2040)
Cenários para cada uma das propostas (o quarto cenário refere-se a uma proposta “mista”, criada a partir dos três primeiros)
Os assessores do Presidente David Palmer, do seriado 24h, usaram os seguintes aspectos para descrever dois possíveis cenários para a detonação de uma bomba:
- Quantidade de radiação emitida sobre áreas habitadas
- Problemas de saúde
- Mortes humanas
- Impactos no meio-ambiente (peixes, biodiversidade em geral)
- Impactos sobre a economia (pesca, turismo, etc.)
Nesse vídeo, vemos a descrição de dois cenários possíveis, um para cada “proposta” de local para a detonação de uma bomba. É possível perceber a presença das incertezas logo na primeira fala do trecho, mostrando que estas são uma parte inerente das “previsões” sobre possibilidades futuras.
Por isso, é comum que sejam feitos vários cenários para uma mesma proposta, do tipo: considerando que tudo dê certo, pode acontecer isso e isso; o cenário pessimista, por outro lado, acarretaria nisso e nisso; e assim por diante.
E você, tem usado os cenários em suas atividades? Poste nos comentários sobre a sua experiência!
Qual o nome completo do autor do artigo Cenários em planejamento urbano e qual a data de elaboração? Muito Obrigada.
Olá!
A data está especificada ao final do artigo (14/02/2008). As informações sobre o autor podem ser obtidas aqui:
https://urbanidades.arq.br/quer-citar-um-artigo-clique-aqui/
Na arquitetura á muitas matérias de exatas? quantas?