Eu gosto muito de uma abordagem do planejamento que o entende como um processo complexo de tomada de decisões. O texto clássico dessa abordagem é de Davidoff & Reiner (1973) – A choice theory of planning.
Segundo ela, o planejamento nada mais é que escolher entre as alternativas possíveis aquela que melhor responde aos objetivos. Simples, não? Só que fazer isso, na prática, nunca é tão simples assim. Só definir os objetivos já é tarefa das mais difíceis, que dirá obter consenso quanto aos “pesos” ou prioridades de cada um deles, bem como os melhores meios (ou alternativas) para alcançá-los?
Para fazer isso, entre em cena uma habilidade importantíssima – e pouco valorizada na formação acadêmica – que é a negociação. Não me lembro de ter visto uma disciplina sobre isso em nenhum currículo de um curso de arquitetura e urbanismo. No entanto, a RTPI (Royal Town Planning Institute), da Inglaterra, na sua política para o campo do planejamento urbano define como indicadores de aprendizado para os estudantes de planejamento, entre outros aspectos:
– Reconhecer o papel, no processo de planejamento, de habilidades como a negociação, mediação e advocacy, e a importância do trabalho em equipe […];
– Reconhecer a natureza política das tomadas de decisão em planejamento urbano […];
Um livro é considerado básico no campo da Negociação: Fisher; Ury; Patton- Como chegar ao sim. Ele propõe quatro regras básicas para facilitar o processo de negociação:
- Separe as pessoas dos problemas;
- Concentre-se nos interesses e não nas posições;
- Busque soluções que satisfaçam às duas partes (negociação integrativa); e
- Insista em critérios objetivos.
Um livro poderoso. Recomendo.
Outro livro que eu gosto muito é o de Richard Shell: Negociar é preciso . O autor avança sobre os argumentos de Fisher e mostra princípios e diretrizes para negociação que levam em conta, em primeiro lugar, a personalidade de quem está negociando. Se uma pessoa é competitiva não adianta querer adotar uma solução integrativa que provavelmente não dará certo. Este livro parece ser mais “realista” que o outro e dar indicações de como proceder se as coisas não estiverem indo muito bem.
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