Através do boletim da ViaCiclo, entrei em contato com a entrevista de Luis Lindau, Engenheiro de Transportes que foi meu professor na época do mestrado na Ufrgs. A entrevista traz alguns de seus pontos de vista sobre o transporte nas cidades atuais, especialmente sobre o transporte coletivo e as faixas exclusivas de ônibus. Vale a pena conferir a entrevista completa.
Foto: tronic
Abaixo, alguns trechos:
O ponto principal é que o transporte no Brasil não é sustentável. O que temos são propostas de combustíveis. Se eles são sustentáveis ou não, é outra discussão.
É necessário que pensemos em corredores urbanos com alta capacidade de transporte coletivo, para, a partir deles, fazer e promover o desenvolvimento da cidade. O que está acontecendo no momento é que a cidade vai se desenvolvendo, e o transporte corre atrás. Então, nós precisamos inverter essa lógica.
Além disso, precisam pensar primeiro em prover esses corredores de alta capacidade, além de pensar no transporte não-motorizado também. Estou falando de pedestres e bicicletas. Penso neles como elemento do transporte como um todo, como alimentadores de um sistema de transporte coletivo e também nesses transportes não-motorizados como o principal elemento do deslocamento dos bairros das cidades, de curta distância.
Hoje, por exemplo, percebemos que o automóvel está pautando tudo, ou seja, está roubando o espaço do pedestre, do transporte coletivo, das bicicletas. E, como todos sabem, ele é muito pouco eficiente. Do ponto de vista de capacidade do transporte, perde para todas as outras modalidades de que falei em termos de necessidade de uso de via. O fato é que estamos dando muito espaço para a modalidade menos eficiente.
Indicamos para leitura o artigo depublicado na coluna Conexão Política, página 22 do Jornal do Comércio de Porto Alegre, desta terça-feira, 06 de outubro de 2009.
Berlim e o Plano Diretor
Um tapume que está sendo erguido na esquina das ruas Ramiro Barcelos e Cabral, bairro Bom Fim, em Porto Alegre, desperta a curiosidade de moradores do entorno. Vizinhos questionam-se sobre o futuro do terreno: será construído um prédio residencial, um estacionamento, um centro profissional?
Não é raro que, em Porto Alegre, a população só descubra do que se trata o empreendimento quando ele já está erguido, restando apenas os acabamentos.
O ideal para o interesse público seria que todos pudessem saber de antemão qual a intervenção que será feita na paisagem urbana da região em que se habita.
Nesse aspecto, Berlim, na Alemanha, é um bom exemplo a ser copiado. Desde a queda do muro que dividia a cidade em duas, há 20 anos, o município recebe um grande número de novas construções.
E as intervenções continuam, em ritmo intenso. Chama a atenção, especialmente na região central, a quantidade de obras em execução. O detalhe é que em todos os tapumes há uma placa ou cartaz com informações sobre a edificação.
O aviso tem um tamanho razoável, de tal forma que a imagem reproduzindo o que será o novo prédio pode ser avistada do outro lado da rua. E isso acontece até mesmo em terrenos recém-cercados, caso de uma esquina em frente à estação RosenthalerPlatz, onde será feito um condomínio de apartamentos.
Outro aspecto interessante na cidade alemã é a harmonia e a ordenação entre os prédios. Por várias quadras, dezenas de edificações, cada uma do seu estilo, mas todas com alturas e afastamentos semelhantes. Grande parte da área residencial comporta prédios de cinco, seis, sete pavimentos, proporcionais ao tamanho das ruas.
Continua em http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=9398
Errata: em meu comentário anterior, onde se lê “depublicado” leia-se “publicado”.