Mudando um pouco o tipo de posts que costumo publicar aqui no Urbanidades, achei interessante comentar sobre esse software de Sistemas de Informações Geográficas, que pode ser muito útil (ou até mesmo imprescindível, alguns diriam) para análises urbanas.
Screenshot Open Jump – (fonte: página oficial)
Para quem está acostumado com o ArcView, software da Esri líder de mercado, migrar para o Open Jump tem vantagens e desvantagens. A principal vantagem – além de ser gratuito, obviamente – é que de maneira geral a estrutura de funcionamento é bastante similar, com os layers adicionados em uma lista à direita, uma caixa de diálogo também similar para a construção de mapas temáticos, o acesso à tabela, etc. Por outro lado, à medida que vamos nos aprofundando no software, vamos mesmo sem querer esperando que todos os detalhes sejam iguais ao ArcView, que acaba sendo utilizado como uma espécie de “parâmetro de qualidade”. Assim, as primeiras impressões vêm com um pouco de desapontamento.
Entretanto, depois de um mês usando esporadicamente o Open Jump, percebi que essa impressão é infundada. Ele possui vários recursos interessantes, alguns até mesmo melhores do que os do ArcView, que deixa muitas funcionalidades a cargo de seu irmão mais velho (e ainda mais caro), o ArcEditor. O OpenJump mostrou-se mais que suficiente para as análises básicas e mapas temáticos necessários para a maioria dos estudos urbanos. Dentre os recursos que me chamaram a atenção, estão:
- Facilidade para “auto” preencher os atributos de vários registros de uma só vez – útil, por exemplo, para mapas de uso do solo: selecionamos com o mouse todas as edificações comerciais e usamos essa função para preencher o campo da tabela com a string “comercial”;
- Possibilidade de lidar com vários formatos espaciais (dxf e mif com plugin; shapefile e outros nativamente);
- Permite compor polígonos automaticamente a partir de geometrias abertas (não testei esse recurso para verificar se funciona bem);
- Consulta por relações espaciais (está contido, intercepta, etc.) e por atributos;
- Apaga geometrias duplicadas;
- Transparências na visualização de layers;
- Seleção por tipo de geometrias (pontos, linhas ou polígonos);
- Grande quantidade de plugins, incluindo importação de formatos espaciais, funcionalidades para análises de ecologia da paisagem,
Algumas das desvantagens do Open Jump, que poderiam ser melhoradas para as próximas versões, são:
- Dificuldade para navegar pelo zoom e pan – a janela principal não mostra as barras de rolagem, obrigando o usuário a usar as ferramentas de pan e zoom sempre que quiser mudar a visualização. Além disso, não há tecla de atalho (até onde consegui apurar) para facilitar a vida de quem quer dar um pan, por exemplo, enquanto está realizando alguma função sobre os elementos espaciais. Isso acarreta em cliques extras desnecessários. [update: acabei de descobrir que há teclas de atalho para isso)
- Falta de um método de classificação nos mapas temáticos que funcione por percentil. Assim, se quisermos uma classe com X% dos elementos, temos que calcular os intervalos no Excel e inseri-los a mão. Essa funcionalidade talvez não seja muito necessária para a maioria das análises, mas é ótima para criar núcleos de integração.
- Documentação deficiente, mesmo em inglês.
Em resumo, é um ótimo software que vale a pena ser experimentado. O fato de ser gratuito é, por si só, um grande motivador. Paradoxalmente, pode também ser prejudicial, por dar a impressão de que é um software de menor qualidade. Não é o caso.Acredito que seja um software com boas chances de aumentar sua base de usuários, o que significaria também maior suporte, mais plugins e maior ritmo de desenvolvimento.
Poderia ser um ótimo software também para ser utilizado em salas de aula na graduação e pós-graduação: gratuito e amigável, não implica em custos extras para as universidades, e o melhor: permite que os alunos instalem-no em seus computadores e continuem utilizando em seus trabalhos. Na minha experiência, o maior limitador para que o aluno continue utilizando o SIG é justamente a dificuldade de obter o software para continuar praticando e aprendendo.
Ótima descoberta, dica do Lucas Figueiredo.
Se você conhece e recomenda outros SIGs gratuitos, deixa a indicação nos comentários.
Mapwindow, tenho até um manualzinho.
Quantum SIG, tá entrando agora.
Quantum SIG eu conheço, mas achei meio limitado (isso uns 4 anos atrás). Vou verificar o Mapwindows. Valeu pelas dicas!
COLEGAS, PRECISO TRANSFORMAR ARQUIVOS DXF EM SHAPE, BAIXEI O JUMP MAS NÃO ESTOU CONSEGUINDO INSTALAR O PLUGIN NECESSÁRIO. ALGUÉM PODERIA ME DAR UMA DICA DE COMO FAZER? GRATO
Uma alternativa é usar o gvSIG, que possui uma versão portátil (não precisa de instalação) e lida com arquivos DXF nativamente (sem precisar plugin).