Hoje tenho o prazer de comentar no Urbanidades o livro de um amigo e parceiro de pesquisas: Vinicius Netto. Seu livro “Cidade & Sociedade: as tramas da prática e seus espaços” foi lançado em 2014 e traz uma coletânea de diversos textos publicados por ele ao longo de sua trajetória acadêmica, extensivamente revisados e ampliados, além de costurados em uma sequência que abrange:
- Sociedades como sistemas de encontro: a segregação sobre o corpo;
- Sociedades como sistemas de comunicação: espaço, significado e prática social;
- Sociedades como sistemas de interação material: forma e dinâmica urbana.
A grande maioria dos capítulos foi publicada em bons periódicos nacionais e internacionais, tais como Cadernos Proarq, Arquitextos, Urbe e EURE. O artigo no qual se baseia um dos capítulos, “A (re)conquista da cidade: polis e esfera pública“, recebeu recentemente menção honrosa na respectiva categoria do Prêmio Anparq 2014.
O livro chama a atenção pela forte ênfase na construção teórica de um arcabouço que permita examinar a cidade, seus espaços, suas práticas, encontros, relações, causalidades, materialidades e atos comunicativos. O texto é denso às vezes, mas por isso mesmo oferece uma quantidade proporcionalmente grande de conteúdos interessantes e que nos fazem compreender melhor o mundo que nos cerca, além de inspirar outros insights. Por outro lado, o livro traz também bem-vindas incursões por trabalhos mais empíricos que fornecem evidências concretas de suas teorias e fazem o necessário confronto das hipóteses abstratas com a realidade, evitando assim limitar-se ao campo das especulações exclusivamente teóricas e da lógica interna dos argumentos.
Destaco brevemente, abaixo, alguns aspectos que considerei especialmente interessantes no livro que, de resto, merece uma leitura atenta. Ao final encontram-se seu release oficial e suas formas de aquisição.
A segregação sobre o corpo
Em contraposição à visão tradicional da segregação que a trata como áreas “estanques” na cidade nas quais grupos diferentes se concentrariam, dificultando sua interação por efeito de uma localização estática diferente, Vinicius propõe uma abordagem baseada no próprio corpo e suas possibilidade de deslocamento pelo espaço da cidade como elementos-chave para o entendimento da segregação. Examinando grupos sociais diferentes, ele identificou que a eles correspondem diferentes padrões de deslocamento pela malha que, conforme a classe socioeconômica, podem ser mais ou menos dispersos, mais ou menos longos e que, em grande parte dos casos, acabam não se cruzando. A segregação, portanto, possui uma face dinâmica importante.
A Figura exemplifica esse conceito: diferentes classes costumam realizar percursos diferentes na cidade, com quase nenhuma sobreposição entre eles. Com isso, a distância social é reforçada pela rotinização e os diferentes pouco se vêem e interagem:
Assim, a “invisibilização da alteridade” […] remete à sua efetivação no dia a dia, quando diferenças sociais moldam vidas condicionadas nos processos de rotinização, nas formas de apropriação dos espaços da cidade, na geração de possibilidades de construção de relações sociais, nas formas de convívio. […] A abordagem da reprodução aqui desenvolvida busca entender como a segregação impregna nossas atuações urbanas, e como a diferenciação social gera a distância cotidiana entre os diferentes. (NETTO, 2014, p. 63)
Efeitos da Arquitetura
Sobre as influências do espaço em outros aspectos do sistema urbano e seus usuários, muita coisa já foi divulgada aqui mesmo no Urbanidades (por exemplo aqui e aqui), pelo fato de eu ter participado como parceiro em algumas das pesquisas que deram origem a essa parte do livro.
www.editorasulina.com.br
https://www.youtube.com/watch?v=dJY1XE2S9Pk
Renato favor ver esse vídeo. por favor
Oi Renato me chamo cleydson e estudou fazendo meu tc sobre a importância do urbanismo e gostaria de saber se você tem algum material que você poderia me fornecer. Aguardo sua reposta via Email
azevedo-cleydson@hotmail.com